sexta-feira, 22 de julho de 2011

O sabor das palavras

As palavras tem sabores. Sabores novos, sempre recombinados com algo nunca antes provado.

O bom dia de cada dia tem sabor de café, quente e doce... exala o cheiro do café!

Os "eu te amos", cada qual tem seu adocicado, mais ou menos concentrados, mas sempre com um quê de melado.

As palavras de ensinamento têm gosto de frutas maduras. Não as cítricas, algo mais como um caju ou uma banana, derramando seu sóbrio doce, em uma medida perfeita.
As boas palavras, as verdadeiras, têm sempre um quê de doce (não me lembro de palavras com sabor de pizza, por exemplo). Acho que os salgados foram todos inventados, trabalhados pelas mãos do homem, enquanto o doce vem diretamente da natureza. O mel, as frutas, o néctar. Quando fizerem robôs falantes, suas palavras serão salgadas.

Quando alguém me fala, sinto os sabores de suas letras em minha boca, testando cada papila da minha língua. 

Os amargos também são naturais, sem processos de separação e aprimoramento. Não dizem que a verdade pode ser amarga?

Gosto menos de dizer que de ouvir palavras amargas. Tal sabor, tão perto da minha boca, saindo do meu próprio estômago me faz ter náuseas, querer reverter a digestão da palavra. Afinal, colocar palavras para fora é como vomitá-las. A vontade de trancá-las dentro do ventre é como vomitar para dentro.


Talvez por isso as boas palavras enganam as mulheres. Por isso as palavras doces me enganam. Ditas assim, tão distantes, não sinto seu gosto completo em minha própria boca. Repeti-las seria falseá-las. 

Quero o doce que o outro fala. Sinto vontade de segurá-las todas antes que caiam no chão, e se percam na lembrança do sabor. Vontade de apertá-las contra os meus lábios, para que possa as engolir por completo...


...adoro o doce que sai de tuas palavras!

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