domingo, 24 de julho de 2011

Sensível e Selvagem

Sou sensível e sou selvagem.
Tenho vontades e tocar,
Vontades de matar.
Posso sorrir para você
Desejando-o ou o odiando.
Posso não estar pensando nada,
Ou tudo.
Sempre internamente,
Solitariamente.
Posso escrever odes que não digam nada,
Mas signifiquem tudo.
Posso escrever um verso e chorar...
Sem falar uma só palavra.
Sem expressar nada.
Me recolho a mim mesma,
Não por medo ou por vergonha.
Apenas por sentidos...
Ideias que são...sem razão de ser.

Leia Mais…

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O sabor das palavras

As palavras tem sabores. Sabores novos, sempre recombinados com algo nunca antes provado.

O bom dia de cada dia tem sabor de café, quente e doce... exala o cheiro do café!

Os "eu te amos", cada qual tem seu adocicado, mais ou menos concentrados, mas sempre com um quê de melado.

As palavras de ensinamento têm gosto de frutas maduras. Não as cítricas, algo mais como um caju ou uma banana, derramando seu sóbrio doce, em uma medida perfeita.
As boas palavras, as verdadeiras, têm sempre um quê de doce (não me lembro de palavras com sabor de pizza, por exemplo). Acho que os salgados foram todos inventados, trabalhados pelas mãos do homem, enquanto o doce vem diretamente da natureza. O mel, as frutas, o néctar. Quando fizerem robôs falantes, suas palavras serão salgadas.

Quando alguém me fala, sinto os sabores de suas letras em minha boca, testando cada papila da minha língua. 

Os amargos também são naturais, sem processos de separação e aprimoramento. Não dizem que a verdade pode ser amarga?

Gosto menos de dizer que de ouvir palavras amargas. Tal sabor, tão perto da minha boca, saindo do meu próprio estômago me faz ter náuseas, querer reverter a digestão da palavra. Afinal, colocar palavras para fora é como vomitá-las. A vontade de trancá-las dentro do ventre é como vomitar para dentro.


Talvez por isso as boas palavras enganam as mulheres. Por isso as palavras doces me enganam. Ditas assim, tão distantes, não sinto seu gosto completo em minha própria boca. Repeti-las seria falseá-las. 

Quero o doce que o outro fala. Sinto vontade de segurá-las todas antes que caiam no chão, e se percam na lembrança do sabor. Vontade de apertá-las contra os meus lábios, para que possa as engolir por completo...


...adoro o doce que sai de tuas palavras!

Leia Mais…

domingo, 17 de julho de 2011

Mediocridade

Tudo nem tanto,
Tudo um meio termo.
Os extremos que vivo se anulam.
E cá estou eu:
Ser nulo.

Leia Mais…

sábado, 16 de julho de 2011

Um pequeno furto...

Me pego pensando em voltar a escrever faz um tempo. Escrever para mim, para um amigo ou dois, mas escrever. Talvez nada me seja mais viceral que são as palavras, todas povoando minha cabeça em meus momentos de silêncio. Palavras que guardo e que calo, talvez para não jogar ao mundo algo que possa parecer muito menor do que é, no meu próprio mundo.

Resolvi voltar a postar aqui, esse blog perdido, largado, de valor discutível. Meses depois, milhares de ideias que já se perderam no vazio...mas algo que possa valer a pena contar resiste, indiscutível, na morada entre meu peito e minha cabeça, num nó interminável que tenta se desfazer, mas apenas se alarga a cada esforço esnobe para as despejar, sem sentido, no espaço.

Se devo isso a alguém, devo a um doce e pequeno desconhecido, que vi por uma das minhas passagens de ônibus do meu conhecido caminho diário - devo me lembrar de falar dos ônibus um dia desses - e a um pequeno furto, que lhes contarei agora.

Prédios do exercício do poder nacional, grandes pacotes repetitivos que nós, moradores dessa estranha cidade que chamamos Brasília, nem ao menos reparamos mais. Dentro do ônibus, de tantas pessoas que não se comunicam (apesar de muitas delas sempre se encontrarem no mesmo ônibus todas as manhãs) cada qual preocupado com seu próprio espaço.

Algumas pessoas com seus mp3, 4, 5 etc. nem ao menos prestam atenção àquilo mesmo que escutam enquanto outros dormem solenes, cidadãos cansados talvez da própria vida. Todos meus desconhecidos colegas.

Pela janela, a mesma paisagem de cada dia, com mais ou menos pessoas, com mais ou menos luz do sol. Mas a mesma paisagem. Não me canso de repetir essa paisagem, olho cada espaço, acho cada prédio divertido em sua repetição formal, contrastando com monumentos que servem de cartão postal para os turistas que se arriscam a vir por aqui.

Nesse dia, que não me lembro qual dia, vi um garoto bem cuidado correndo, fugindo sorrateiro talvez ao se aperceber que fizera uma molecagem. Em suas pequenas mãos, o produto de seu furto. Esse garoto não tem pais? Sozinho no meio de espaço tão predatório? Ninguém vê o que ele faz - além de mim?

Olhei para meus colegas de viagem, alguém me fez cara feia. Ademais, ninguém parecia olhar para fora da janela em direção ao garoto. Voltei meus olhos, antes que o ônibus partisse e o perdesse de vista. Ele também voltou seus olhos, mas não para mim. Apenas pareceu verificar se estava sozinho.

Estávamos ambos sós, o garoto e eu. Eu o fitando, e ele, entre as pequenas mãos inocentes de criança, com uma pequena flor furtada dos jardins públicos da nossa capital. Me senti comovida ao vê-lo cheirar seu pequeno prêmio, talvez antes de o abandonar, talvez antes de o jogar de volta aos canteiros. Quem sabe ele não comeria a flor naquele gesto de o levar tão perto à face, para saber se seu gosto seria tão doce quando seu aroma?

Pensei em como gostaria também de roubar uma daquelas flores, e correr para que nenhum oficial de segurança das planas de "não arranque flores" me pegasse em flagrante. Claro que eles não existem, mas a ideia de uma prisão criada por aqueles que não têm vontade de colher rosas dos jardins alheios me divertiu.

Talvez eu nunca faça isso, afinal, quão estúpido é parar para arrancar uma flor de um jardim? Algo que apenas uma criança faria, correndo o risco de tomar uns bons tapas na mão. Quão estúpido é perder tempo, corrido, ligeiro. Quanta coisa a se fazer ao invés de furtar pedaços de cor espalhados por campos de nós mesmos. Talvez por isso esses pensamentos fluam em tão pouco espaço de tempo. Em poucos segundos, dentro de um ônibus passando. Talvez seja por isso que o pensamento vem tão veloz quanto passa, para dar espaço a coisas mais úteis, que inibam a minha sensibilidade e me impeçam de criar. Talvez por isso as saudades da infância, um curto espaço de um tempo desperdiçado.

Talvez por isso a visão de um jardim sendo furtado de uma de suas flores por um pequeno garoto rapidamente dá espaço a outra: a demais prédios passando veloz e repetitivamente frente a janela daquele ônibus de todo dia. Talvez por isso nem essa visão é sustentada, e logo da espaço ao olhar vago para lugar nenhum, em um dia comum, através da janela de um ônibus qualquer.

Leia Mais…

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sonho ou "escolha certa"?

Todos temos sonhos. Todos desejamos futuros brilhantes no nosso horizonte... para isso, temos de escolher um caminho entre milhares de outros que podem ser trilhados...

...infelizmente, aquele que nosso mais profundo "eu" deseja, não é o que nos prove de segurança, digamos, financeira. Precisamos nos preocupar com isso já que, infelizmente, grande parte daquilo que precisamos para viver só podemos obter através de pagamento. Em um mundo ideal, todos teríamos suprimento de comida, roupa, moradia, condições básicas de vida garantidos, independentemente da questão de trabalhar para ganhar dinheiro. Nesse mundo ideal, artistas seriam artistas, não analistas de sistema. Músicos seriam músicos, não operadores de telemarketing e poraí em diante.

Essa é a questão entre: viver para um sonho, ou pelo suprimento confortável das nossas necessidades materiais de sobrevivência. Não serei hipócrita como alguns que se enxergam superiores, por acreditarem "enxergar além". Todos somos cegos quando o assunto é enxergar através dos olhos do outro. Por isso não julgo tais escolhas, mas me sinto profundamente triste quando vejo amigos extremamente talentosos sendo obrigados a optar pela "escolha segura".

Tal qual é possível, acredito que as pessoas devem seguir o sonho, mas com a opção segura ali, no encalço, ou o contrário, seguir a "escolha segura" sem esquecer do sonho. Nem sempre isso é possível, e muitas das vezes a tendência é se quebrar ou a cara ou o coração... segue-se o sonho e, se ele não rende financeiramente da mesma forma que satisfaz o ego, quebra-se a cara, pois o indivíduo é marginalizado da sociedade (sem dinheiro, sem casa, sem condições de uma boa sobrevivência, digamos assim). Se o sonho é ignorado...o coração começa a morrer no mesmo instante.

O mundo é um lugar cruel, devemos tentar tirar o melhor proveito do que nossas forças permitem... boa sorte a nós todos!

Leia Mais…

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Galeria

Veja o resto do post para conferir a minha galeria de pinturas e desenhos!





Leia Mais…